Então... ele veio me falar de saudade!!!
E..., usou os superlativos que eu usava. Veio falar em saudade... para mim que o esperei tanto... enquanto ele se fechava em círculo como uma serpente que engoliu o próprio rabo; enquanto tecia em torno de si... uma teia com fios de aço... Para esquecê-lo tive que parar de falar em víceras, em hormônios safados, em faíscas nos olhos, em estrelas no céu da boca... Tive que silenciar até o oco do sentimento, da expectativa. E..., ele veio, depois de tanto tempo, me falar em saudade... Não que tivesse sido fria... a nossa história: ardia como bola de fogo, mas devastava nossas florestas internas, enquanto eu sonhava com águas litorâneas e uterinas.
(Por diversos dias eu quis tê-lo e não o tive... Hoje eu quero da vida, exatamente, o que ela tem me dado: mesmo que isso inclua a saudade... e a ausência.)
(Marla de Queiroz)
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